sábado, 30 de março de 2013

Aécio planeja choque de gestão para "profissionalizar" PSDB

FOTO: JF DIORIO/ESTADÃO- 21.3.2013
Estrutura. Depois de ganhar o apoio de Geraldo Alckmin, Aécio Neves quer mudanças no seu partido
JF DIORIO/ESTADÃO- 21.3.2013
Estrutura. Depois de ganhar o apoio de Geraldo Alckmin, Aécio Neves quer mudanças no seu partido
 Ideia é melhorar a comunicação e as finanças do partido em todas as regionais
Depois de ter recebido o aval do PSDB de São Paulo para a sua candidatura à presidência nacional do partido, o senador mineiro Aécio Neves pretende, agora, fazer uma mudança estrutural na legenda. O tucano planeja, a partir de maio, uma espécie de "choque de gestão". A expressão foi adotada pelo tucano quando esteve à frente do governo de Minas.

Pré-candidato à Presidência da República em 2014, Aécio quer fazer do partido vitrine e trampolim para a sua candidatura ao Palácio do Planalto, que ainda precisa ser consolidada e angariar o apoio de todas as alas do PSDB.

O senador confidenciou a aliados, durante encontro com a bancada de deputados federais tucanos, a vontade de tornar o partido mais profissional já em maio, quando será eleita a nova direção nacional da sigla. A primeira ação, de acordo com liderança próximas a Aécio, é a contratação de especialistas em comunicação, administração e finanças.

"No caso de um comunicador, a lógica é dar mais publicidade às atividades do PSDB, às propostas e projetos que serão defendidos para o Brasil. No caso da administração, o objetivo é otimizar os gastos", ressaltou um deputado do PSDB, que preferiu o anonimato. "É uma espécie de choque de gestão, só que em um partido", completou.

Aécio também deseja controlar mais de perto as ações implementadas por cada um dos diretórios regionais do partido que, na sua avaliação, estão sem estrutura e organização.

Segundo aliados, alguns diretórios estaduais e municipais do PSDB não têm controle sobre o número de filiados, não fazem campanha para atrair novos integrantes e nem mesmo controlam seus gastos.
"O senador quer criar metas para esses diretórios, até mesmo no que diz respeito às filiações. Ele quer fazer com que todos eles também tenham uma estrutura completa de profissionais bem-capacitados", explicou uma liderança da legenda.

Apoio. Para lideranças de Minas, a proposta de reestruturação é "extremamente positiva". "Ele foi ovacionado a assumir a presidência do partido. Seu nome ganhou força nacionalmente justamente porque fez uma ótima administração no governo mineiro", afirmou o deputado federal Domingos Sávio.

"Temos que fortalecer o PSDB, e é impossível isso acontecer sem que haja uma profissionalização, principalmente no que diz respeito a uma melhor comunicação", completou.
Nomes
Nordestinos podem compor a nova executiva nacional
Como uma estratégia para assumir o comando nacional do PSDB a partir de maio, o senador mineiro Aécio Neves já conseguiu alguns avanços na negociação de cargos para composição da nova executiva do partido.

Como mostrou O TEMPO na última quinta-feira, para assegurar o apoio do PSDB de São Paulo, lideranças próximas ao ex-governador garantem que os paulistas terão espaços de destaque na nova executiva. Além do atual vice-presidente nacional Alberto Goldman, que deve permanecer no cargo ou assumir a secretaria geral, outros dois nomes do Nordeste já estão quase certos.

Os deputados federais Antonio Imbassahy, da Bahia, e Bruno Araújo, de Pernambuco, devem ser contemplados com cargos na direção nacional.

Segundo um aliado, apesar de São Paulo ser o preferido para ocupar os mais importantes espaços, Aécio quer agradar aliados de todas as regiões. "O Nordeste é essencial para consolidar a candidatura dele à Presidência da República", afirmou um tucano. (IL)

quinta-feira, 28 de março de 2013

PPS questionará Feliciano por quebra de decoro

  •  Agência Estado
Publicação: 28/03/2013 12:52Atualização: 28/03/2013 14:20
Brasília, 28 - Para pôr fim ao clima de confronto que vem tumultuando os trabalhos da Câmara Federal, o PPS decidiu entrar com processo no Conselho de Ética contra o deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP), por quebra de decoro parlamentar e sugeriu a renúncia coletiva dos membros da Comissão de Direitos Humanos. "Precisamos acabar de vez com a situação vexatória vivida na a Câmara desde a eleição do pastor para presidir o colegiado", explicou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).

 
A ideia, com a renúncia coletiva, é abrir novo processo de escolha do presidente da comissão e forçar o afastamento de Feliciano, eleito para o cargo no início do mês. Acusado de posições racistas e homofóbicas, o pastor tem sido alvo de uma onda de protesto de movimentos sociais e de artistas contra sua permanência no cargo. A representação no Conselho de Ética será protocolada na próxima terça-feira. No mesmo dia, o colégio de líderes dos partidos na Câmara fará uma última tentativa de convencer Feliciano a renunciar.

Apoiado por seu partido, o PSC e pela frente parlamentar evangélica, Feliciano, todavia, já avisou que não renuncia "de jeito nenhum" e desafiou o colégio de líderes a retirá-lo do cargo. Diante da intransigência do pastor, o deputado informou que não há mais espaço para um acordo político que resolva a questão. "Nós temos instrumentos para resolver o imbróglio. A situação é insustentável, a ponto de o pastor mandar prender quem exerce o direito da livre manifestação. Passou do limite do admissível", afirmou Jordy.

Ele explicou que a renúncia de metade e mais um dos membros da comissão forçaria uma nova composição do colegiado e uma nova eleição para a escolha do presidente. Além da acusação de racismo e homofobia, o pastor, segundo o PPS, precisa explicar denúncias de uso irregular de verbas de sua cota na Câmara. Jordy alega que Feliciano paga com dinheiro público escritórios de advocacia, em processos de interesse pessoal. O pastor nega a acusação.

O deputado insiste, na representação, que o advogado Rafael Novaes da Silva, que protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) a defesa de Feliciano em inquérito por homofobia, tem emprego e salário pago pela Câmara. O advogado é secretário parlamentar desde fevereiro de 2011 e respondeu à denúncia do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no último dia 21, por meio de um documento com várias citações bíblicas. A representação deverá ser assinada pela liderança do PPS para ter valor.

Os líderes partidários decidiram chamar o pastor para uma reunião na próxima semana com o argumento de que sua permanência no comando da Comissão é fonte de grande desgaste da Casa e vem atrapalhando os trabalhos regimentais. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou anunciar uma solução para o caso para esta semana, mas falhou na tentativa de convencer Feliciano a renunciar. Alves pediu o reforço do colégio de líderes para a tarefa.

A opção pelo convite ao pastor para um debate com os líderes surgiu após mais de três horas de reunião, ontem, em que se chegou à conclusão de que não há caminho regimental para destituí-lo. Os partidos passaram os últimos dias analisando as saídas legais para o problema. A mais aceita é a da renúncia coletiva. Mas ainda assim há o risco de a bancada evangélica, sozinha, viabilizar o quorum e a realização das sessões da comissão.