Hans Christian
Andersen, o contista dinamarquês, criou uma estória em que um rei muito vaidoso,
acabou sendo vítima de dois espertalhões que o convenceram a desfilar com
roupas inexistentes, sob a alegação ardilosa de que o tecido que usavam na
confecção das vestes reais só seria visível aos olhos de pessoas inteligentes.
Não apenas o rei, mas todos que com ele trabalhavam
se sentiram constrangidos ao admitir que o tal tecido mágico lhes fosse
invisível, posto que isso equivalesse a assumir sua própria ignorância. Assim,
o rei saiu pelado às ruas e o povo informado sobre a invisibilidade do tecido,
àqueles menos inteligentes, preferiram elogiar as vestes inexistentes a admitir
sua inferioridade. A única exceção foi uma criança que na pureza de seus
sentimentos, exclamou surpreendida: “O rei está nu!”. E só então as
demais pessoas acreditaram naquilo que seus olhos (não) viam…
Temos, na nossa realidade, um rei vaidoso. Ao seu
redor, um grupo enorme que teme contrariá-lo, até porque o rei se reveste com
um tecido mágico que lhe dá a falsa imagem de que é intocável e, que ninguém
tem a coragem de não enxergar. Como também não enxerga o rei, as próprias falhas
dentro do reino. Há, na nossa versão do conto de Andersen um segundo tecido
mágico que encobre qualquer falha das pessoas ligadas ao rei. Se um ato errado
qualquer vem a público, o tecido mágico garante que ele seja considerado boato,
mentira, invencionice, fraude ou tentativa de golpe. Tudo que não se admite é
que sejam fatos verdadeiros e comprovados.
No entanto, com passar do tempo o povo começa a
enxergar que o rei está nu, haja visto pelos seus pronunciamentos, parte das
roupagens do rei está sendo anulada pelo péssimo resultado administrativo da
cidade. O tecido que garantia a falsa popularidade do rei se revelou
inexistente. Alguns ainda com sua espontaneidade resistem às pressões, mas a
maioria começa a bradar, com veemência a incompetência da gestão atual. A
inexistência de uma administração eficiente e eficaz nos leva a uma reflexão
que precisamos nos preparar para o pleito de 2016. Pois, para rei que está aí,
agora só falta desnudá-lo por completo, gritando, em alto em bom som:
“O Rei está nu!”
Não são tiranos que fazem escravos!
São os escravos que
fazem os tiranos !