Segundo investigações da PF, Luciano faz parte de esquema que envolve secretários, empresários e servidores da cidade
Agentes estiveram nesta quinta-feira na cidade e fizeram uma operação, que resultou numa devassa na prefeitura. A ação da polícia foi comemorada com gritos e fogos de artifício por um grupo de moradores. Doze pastas com nomes de funcionários fantasmas foram localizadas na Secretaria Municipal de Administração.
Os policiais cumpriram 11 mandados de
busca e apreensão e cinco de condução coercitiva em Mangaratiba,
Niterói e Itaguaí. Os alvos eram o prefeito Luciano Mota, dois
secretários ( Turismo e Eventos e Transporte), o assessor de Assuntos
Externos e também um gerente da empresa Tristars, contratada para coleta
de lixo.
Foram encontrados apenas o secretário
de Turismo, Ricardo Luiz Rosa Soares, que será indiciado, e o assessor
de Assuntos Externos Amaro Gagliardi, indiciado por formação de
quadrilha, lavagem de dinheiro, desvio de verba pública, fraude de
licitação e crime ambiental. Mota não foi localizado pela PF.
As nomeações irregulares, segundo o
delegado federal Hylton Coelho, da Delegacia Regional da PF, em Nova
Iguaçu, devem gerar um gasto próximo de R$ 1,5 milhão na folha mensal de
pagamento. Um dos objetivos da investigação é comprovar que esses
fantasmas eram recrutados com ajuda de alguns vereadores, que teriam uma
cota de até 30 vagas na prefeitura. Os salários eram de R$ 7 mil, mas
os “funcionários” recebiam na verdade entre R$ 500 e R$ 700.
“A investigação não acabou. Mas todos
os indícios apontam para que ele (o prefeito) seja o cabeça deste
esquema. Está acontecendo ali uma fraude ao estilo mensalão”, afirmou o
delegado. A Operação Gafanhoto — o nome foi escolhido porque o grupo era
considerado um enxame que dilacerava o erário público — é resultado de
seis meses investigação.
O esquema na prefeitura envolve também
licitações fraudulentas e contratos irregulares, sempre milionários. Até
mesmo a arrecadação de royalties de petróleo do município está na mira
da PF. Os recursos estariam sendo usados para pagar empresários
participantes da quadrilha que fraudava a prefeitura.
Laranjas do prefeito gastaram R$ 144 mil na compra de ternos e TV
As suspeitas de uso indevido dos
recursos do município começaram após denúncias anônimas. Um ex-segurança
do prefeito se tornou peça-chave nas investigações. Ele ajudou com
filmagens e fotos a comprovar parte do esquema que mostrava gastos
exorbitantes do chefe do Executivo e altas quantias de dinheiro em
malas. Este ano, por exemplo, Luciano Mota teria adquirido dez ternos da
grife alemã Hugo Boss num famoso shopping da Barra da Tijuca. Pela
renovação do guarda-roupa foram pagos R$ 45 mil, em dinheiro. A compra
foi feita pelo ex-segurança.
Da mesma forma, sem colocar seu nome,
segundo o delegado Hylton Coelho, Mota adquiriu uma televisão no valor
de R$ 99 mil, também comprada em nome de um funcionário, mas entregue na
casa do prefeito. O pagamento também foi feito em espécie na loja de
eletrodomésticos.
Operação antecipou recesso dos Vereadores
Se comprovado o rombo nos cofres de Itaguaí, isso significa que um terço da arrecadação do município, de R$ 90 milhões mensais, é usado de forma ilícita. Durante a primeira fase da investigação, a PF apreendeu dois veículos de luxo adquiridos pela quadrilha, que tem pelo menos 50 pessoas envolvidas. Um dos carros era uma Ferrari, avaliada em cerca de R$ 1,5 milhão, usada pelo prefeito.
Na lista de bens que também pertenceriam ao grupo está um helicóptero Robinson R66, cujo valor de mercado pode chegar a R$ 2 milhões. A operação da PF antecipou o recesso da Câmara de Vereadores. A sessão extraordinária prevista para hoje, que seria a última do ano, foi cancelada.
A presença da PF na prefeitura foi aplaudida. Até mesmo quem participou da campanha do prefeito comemorou. “ Hoje (quinta), com a PF aqui, estamos em festa”, afirmou Sueli Fernandes, 32. Mota venceu a eleição com 47, 09% dos votos.
http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-12-18/farra-de-prefeito-de-itaguai-provocava-rombo-de-r-30-milhoes-por-mes.html