Concluído o 2º. Turno o Brasil elegeu a primeira mulher presidente, começa agora o verdadeiro exercício da Política, o de resgatar corações e mentes de brasileiros que viram seu candidato sair derrotado das urnas. E eles são mais de 40% dos eleitores. Com um agravante a Abstenção: 28.213.780 (21,35%), votos em Branco: 2.412.957 (2,32%) e Nulos: 4.572.411 (4,40%) totalizaram mais de 35.199.149 votos o que na realidade demonstra a insatisfação com os nomes que nos foram impostos para a escolha presidencial, lamentável, pois esta quantidade de votos poderia dar outro rumo para o Brasil, mas devemos olhar para frente.
Se até ontem era preciso mostrar as diferenças, insistir em provocações, jogar o adversário para fora do campo, num jogo de risco, agora é preciso compreender que a nova presidente é a governante de todos os brasileiros: ricos, pobres e remediados, satisfeitos, insatisfeitos e indiferentes.
A primeira missão da nova presidente será a de aparar as arestas e provocar a reconciliação nacional. A presidente terá de convencer não só adversários, mas os próprios correligionários e apoiadores, de que acabou o jogo de gato e rato em que se transformou a eleição, de que é preciso encerrar a baixaria, curar feridas e executar um projeto de nação, com a ajuda inclusive da oposição.
O fenômeno Marina Silva aliado a imposição do presidente Lula que se achava dono do Brasil e às saudáveis regras do sistema democrático permitiram o segundo turno, sofrido, desgastante, de baixo nível, mas fundamental para o equilíbrio das forças políticas.
Ao invés de humilhada, a oposição sai das urnas premiada por uma votação importante, que jamais poderá ser ignorada pelos futuros governantes. Para os próximos pleitos a oposição deve repensar na escolha dos seus candidatos, pois o resultado das urnas em Minas mostra que o povo mineiro não engoliu a falta de democracia do PSDB em não permitir as prévias no partido e o resultado foi uma resposta 58,2% para Dilma e 41,8% Serra. Esperamos maturidade, altivez e consciência da própria responsabilidade de uma oposição de verdade, pois o que tivemos nos últimos anos foi uma brincadeira de fazer oposição, esperamos um olhar vigilante para o interesse coletivo, sem personalismos estéreis, sem mágoas inúteis. Um olhar para além do seu quinhão de votos, única forma legítima da oposição se credenciar para eleições 2014.
Temos agora como presidente a ex-militante de esquerda, sobrevivente do regime militar, ex-burocrata e ex-ministra que enfrentará em sua interessante trajetória de vida a missão de transformar-se em uma governante sem tutor, sem ser manipulada pelo padrinho. Esperamos que Dilma Rousseff encare a oposição como instrumento de correção dos erros e não como inimigo em uma guerra que deve ser eliminado, pois do contrário estaremos entrando num regime de ditadura e isto jamais será democrático.
Foram muitas as promessas e os símbolos manipulados ao longo desta campanha, agora acabou a brincadeira. É hora de despojar-se das armas do marketing, arregaçar as mangas e se preparar para a enorme missão conferida pelas urnas. Para além dos símbolos e da manipulação deles, existe um Brasil real, que, aliás, demanda iniciativas urgentes. Da Educação à Infra-estrutura, Saúde, Segurança Pública dentre outras, a tarefa é gigantesca.
Antecede a tudo isto a complicadíssima tarefa de montar sua equipe de governo. É a partir dela que se poderá conhecer melhor o que realmente pretendem os eleitos, a conciliação de interesses de mais de uma dezena de partidos aliados, já é por si um desafio para qualquer político experiente, que dirá para uma estreante, Dilma terá de contar, talvez como nenhum outro governante, com a lealdade de seus parceiros mais próximos e mais experientes, coisa difícil em um regime político prostituído pelos interesses pessoais. É da afinação desta equipe de governo que irá se definir o futuro do Brasil.
Seria utopia pedir um governo de união nacional, mas não seria exagero apelar para que se tome como uma bússola do bom senso e da responsabilidade pública para governar.
Cientes de que o projeto de se conservar no poder, pode se tornar pequeno e banal, diante da importância decisiva de cada gesto de um governante democrático na vida do mais humilde dos brasileiros. Desejamos boa sorte a presidente eleita.
Não são tiranos que fazem escravos!
São os escravos que fazem os tiranos !
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